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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

APRENDIZAGEM: UMA REFLEXÃO


Eleuza Maria Costa Mendes*

Se errar é humano, porque em relação à educação escolar errar é sinônimo de fracasso? Quando o aluno não responde “certo” ele é tido como alguém que não aprendeu, logo tem problema de aprendizagem. E o que é aprendizagem? E o que é aprender?
Todos nós erramos e é errando que aprendemos. Todo educador deveria conhecer e analisar as diversas teorias que abordam esse tema para melhor mediar a sua ação frente ao educando no mundo, enquanto ser social e transformador.
Para o teórico Jean Piaget, todo conhecimento é construído através de um processo contínuo de fazer e refazer.
Para Piaget, segundo Giusta (1994), “Na lógica dos erros que as crianças cometiam durante testes de raciocínio, ele viu a possibilidade de resgatar o percurso, o processo de desenvolvimento intelectual do ser humano”.
Piaget não elaborou uma teoria da aprendizagem e sim uma teoria do desenvolvimento. Porém, desenvolveu investigações cujos resultados levam às diversas interpretações que se transformam em propostas didáticas, facilitando a compreensão de como a criança aprende. O educador que trabalha na sala de aula, segundo a teoria piagetiana, a partir do erro tem grande possibilidade de favorecer a aquisição da aprendizagem, pois já é sabido que a aprendizagem é um processo construído internamente e os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento desse processo. A partir do erro da criança é possível tentar compreender como ela vê o mundo, como organiza o seu modo de pensar e como elaborou essa resposta. È importante valorizar a oportunidade que a criança ou o adulto tem de tentar resolver a questão, e é nessa hora em que se dá a interação onde é possível construir estruturas mentais e adquirir maneira de fazê-las funcionar, por meio de dois processos que é a organização interna e a adaptação ao meio, essa função ocorre pelo organismo ao longo da vida. A adaptação se processa pela assimilação e a acomodação. Para Piaget, a assimilação é um processo pelo qual o individuo cognitivamente capta o ambiente.

O processo de assimilação e acomodação pode ser visto como um suporte para a equilibração, considerando que o desequilíbrio ocorre quando se espera que uma situação se desenvolva de determinada maneira e isso não ocorre. O equilíbrio se estabelece na passagem de uma situação de menor equilíbrio para uma de maior equilíbrio. O erro para Piaget é uma etapa necessária do processo de construção do conhecimento.
È no espaço escolar, local onde é possível levar o aluno à transmissão sistemática do saber historicamente acumulada pela sociedade, capacitando-o a participar como agente na construção dessa sociedade.


O professor que desejar contribuir para preparar alunos conscientes deverá transmitir questões relacionadas com a visão do ser humano e utilizar uma didática e estratégia que tenham origem na sua concepção do que seja aprendizagem.
O senso comum traz a afirmação de que errar é humano, e, avaliando as concepções de alguns teóricos, penso que essa afirmação é uma sabedoria popular e me pergunto por que nós professores que erramos temos ainda tanta dificuldade em lidar com o erro escolar. Crucificamos o aluno que “erra”. Não aproveitamos o erro para compreender em que estágio ele se encontra e mais ainda o que está para acontecer nesse processo e, assim ,interferir na a zona de desenvolvimento proximal para provocar avanços e elaborar estratégias pedagógicas para auxiliar o processo.

È na interação com o outro que se dá a aprendizagem. È na escola que o aluno deixa de ser somente sujeito da aprendizagem e passa a aprender junto ao seu grupo.
Concluo que o processo de aprendizagem exige a atuação do professor como mediador para que o aluno realize as atividades e se aproprie do objeto do conhecimento e das habilidades necessárias ao seu desenvolvimento. O professor tem a função explicita de interferir na zona de desenvolvimento proximal. A prática pedagógica necessita estar centrada no aluno, os conflitos cognitivos fazem parte do desenvolvimento da aprendizagem, que é um processo de reorganização. Para um melhor desempenho do aluno e do professor, é importante que ele, o professor, observe o nível de desenvolvimento em que o aluno se encontra, lembrando-se que o sujeito é um ser dinâmico que interage constantemente com a realidade e que o erro pode e deve ser transformado em possibilidades de acerto, quando se encoraja o aluno a explicar como ele chegou àquele resultado, àquela conclusã, e assim o educador pode interferir ajudando-o a levantar hipóteses com a ajuda de outro aluno, pois a interação social favorece a aprendizagem.
Dessa forma, o educador deve perceber o lado construtivo do erro e estimular as tentativas de liberdade e expressão, colaborando com a formação do ser, reconhecendo a aprendizagem como um processo em construção que deve ser compartilhado, atuando com ações intencionais, respeitando o ritmo individual e grupal nos processos de assimilação e acomodação do conhecimento.
O educador pode criar um ambiente favorável a aprendizagem, deixando que o erro possa ser problematizado, compartilhado, levando o aluno a utilizar estratégia, que colabore para torná-lo criativo, capaz de lidar com a incerteza, autônomo e confiante.

*Eleuza Maria Costa Mendes é psicopedagoga

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Céus e Terra em conexão


ASTROLOGIA - UMA DAS SETE CHAVES SAGRADAS.
Fátima Brazão*

Embora a Astrologia seja uma das ciências mais antigas na humanidade, ainda está delegada ao campo do misticismo e da fé. Raro é aquele que desconhece seu signo ou não arrisca um olhar na coluna do jornal.
A Psicologia, a Física quântica e outras ciências mais modernas podem nos ajudar a colocar um pouco mais de luz sobre seus mistérios.
Jung diz que somos idênticos ao momento do nascimento e o mapa natal é o retrato desse momento, sua linguagem é simbólica e arquetípica.
Arquétipo é um dos conceitos na Psicologia analítica e significa tipo arcaico. Nossa psique é estruturada por arquétipos contidos no inconsciente coletivo
Não nos cabe mais pensar que são os planetas e as constelações no céu que nos influenciam, mas sim que sincronicamente o Macro e o Micro cosmos se correspondem na mais perfeita harmonia e sincronicidade.
Na Física quântica o Mapa Natal nada mais é do que Campo Magnético evidenciando tudo aquilo que atraímos no nosso destino. É um mapa capaz de nos guiar de volta a nós mesmos, ampliando nossa consciência na busca de si mesmo. e numa melhor compreensão do outro.
Mesmo depois de alguns anos de estudo, ainda fico encantada ao contemplar um céu que já pertence ao passado, medido em anos luz e que antagonicamente me permite predizer um futuro.
A ciência dos Fraquitais demonstra a repetição de padrões no universo e através de suas imagens o macro e o micro são idênticos e tudo obedece à Lei dos Ciclos.

Os movimentos dos Planetas retratam os ciclos. Observando o tempo que cada corpo celeste demora em percorrer um determinado espaço no zodíaco, os trânsitos, progressões e revoluções se transformaram em instrumentos de previsões.
Signos, Planetas e casas astrológicas são fraquitais de um mesmo arquétipo, onde em cada uma de suas facetas pressentimos um de seus significados.
Neste momento tão especial do tempo e do espaço, alguns me perguntam o que os céus estão anunciando. E é humanamente compreensível que busquemos respostas em situações do passado onde algo de semelhante ocorreu. Mas tudo no universo é movimento e a cada segundo nada é idêntico ao que já foi, como a água que corre pelo rio nunca é a mesma.
No âmbito humano muitos fatos se tornam repetitivos em nossa vida até o despertar da consciência, caso contrário continuamos repetindo, subjugados pelas forças do inconsciente. Mas, mesmo assim, em cada etapa não somos mais os mesmos.
Não temos instrumentos e nem parâmetros para medir o estado de consciência da humanidade para prever se os fatos tendem a ser repetitivos ou se já alcançamos outro patamar em nossa evolução. Mas com certeza estamos muito próximos das portas do Céu ou do Inferno. Enquanto uns falam de fim de Mundo, outros anunciam uma Nova Era, enquanto uns visualizam o Anti-Cristo outros falam da volta do Cristo ou são arautos de um novo Avatar. Pensando linearmente, acreditamos que primeiro vem a destruição do mal para depois surgir a Grande Luz, mas o Universo retrata em suas imagens que Luz e Sombra são polaridades de uma mesma grandeza e não existe em separados.
No ponto mais alto Yin se transforma em Yang e Yang em Yin.
As ciências Herméticas apontam sete chaves para se chegar a Deus – a Astrologia é uma delas.
O autoconhecimento é o único caminho efetivo para a superação de nossos conflitos, bloqueios e superação de nossas doenças.
A psicossomática fala abertamente sobre a relação de nossas emoções e sua repercussão no corpo físico. A Medicina comprova a relação do equilíbrio hormonal e nossas emoções e o Esoterismo aponta os centros energéticos (Chacras) como matrizes de nossas glândulas. Saúde é a harmonia entre o corpo, a alma e o espírito.
Neste novo ciclo apontado pela Astrologia como Era de Aquários a ciência e a espiritualidade obrigatoriamente terão que se integrar. Hoje a ciência não consegue mais negar Deus e a Religião não pode mais abrir mão da Ciência.
No nosso mapa natal temos informações sobre nossa predisposição a doenças, riscos e até a causa da morte. Mas para termos uma vida saudável é necessário que sejamos nós mesmos em toda a nossa plenitude e individualidade.
Em sua maioria, as doenças se manifestam como uma tentativa de nos despertar, uma compensação a nossa falta de consciência e unilateralidade perante a vida e a si mesmo.


*Fatima Brazão é psicóloga, apaixonada pelas ciências herméticas, e astróloga.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A ilha (uma fábula do autoconhecimento)



*Ricardo Kelmer

Talvez uma ilha na verdade fosse uma… montanha! Sim, uma montanha com o pico fora dágua

Era uma ilha que vivia no meio do oceano. Levava uma vida tranquila, sem grandes questionamentos. Conhecia outras ilhas e com elas se comunicava. Um dia, porém, uma ideia inquietou a ilha: se toda vez que a maré baixava, uma porção de terra se descobria, então até que ponto haveria terra? Até que ponto a ilha existia?

Isso lhe tirou o sono por várias noites. De repente seu conceito sobre si mesma começou a mudar. Sempre se considerara uma porção de terra boiando à superfície da água, isso era ponto pacífico, todas as outras ilhas também pensavam assim. Mas agora já não podia acreditar nisso. Uma ilha não terminava logo abaixo da linha das ondas. Não. Continuava para baixo. Talvez uma ilha na verdade fosse uma… montanha! Sim, uma montanha com o pico fora dágua.

Saber que ela “continuava” além daquilo que sempre julgou ser era algo espantoso de se pensar. Assim, dia após dia, a ilha prosseguiu em seus esforços de autoinvestigação – precisava saber até onde existia. No entanto, à medida que sua atenção mergulhava em si mesma, as águas ficavam mais escuras. Era preciso cada vez mais concentração para não se perder. Ela prosseguiu, mais atenta, e descobriu que aquilo que existia abaixo da superfície continuava sendo ela mesma, sim, mas parecia ter algo como uma vida própria.

Cada vez mais surpresa, a ilha constatou que aquela parte mais profunda de si mesma levava uma existência semi-independente, porém interagindo sempre com a superfície: influenciando e sendo influenciada por ela. A ilha então soube a razão por que se comportava dessa ou daquela maneira e muitas coisas ficaram mais claras a respeito de si mesma, de seus relacionamentos com outras ilhas e da vida de modo geral. E a cada descoberta que fazia, outras mais se anunciavam e de repente era como se o Universo se expandisse para dentro dela mesma!

Muito tempo se passou até que se convencesse, verdadeiramente, de que era mesmo uma montanha com o pico emerso. Ela estava presa a uma base e essa base era uma enorme extensão de terra que funcionava como chão. Vinham de lá todas as ilhas. E para lá voltariam todas quando os movimentos da terra, dos ventos e das águas as forçassem a isso. Mas a grande maioria das ilhas não sabia que todas elas continuavam para baixo: por isso não entendiam as reais motivações de muito do que faziam. A parte acima da superfície era tudo que sabiam sobre si mesmas e isso era pouco. A parte submersa, a montanha, era a parte inconsciente de cada ilha, aquilo que desconheciam de si mesmas. E a terra do fundo do mar era o inconsciente maior, único, de todas elas, o lugar de onde vinham.

Ao entender esse fato, a ilha lembrou do tempo em que sua consciência de si própria se limitava àquela minúscula porção de terra à superfície. Todas as ilhas vêm do mesmo lugar – ela repetiu, intrigada com suas descobertas – porque são feitas da mesma terra… A areia e os nutrientes que as raízes de suas plantas colhem, vem tudo do mesmo chão… Todas as ilhas que existem são no fundo uma coisa só, que se experimenta em várias extensões de si própria e cada extensão possui consciência de si mas esta consciência é limitada pois quase nunca desce em direção ao fundo, acomodando-se na parte mais superficial… Se cada ilha se aprofundasse em sua noção de si própria, acabaria se conhecendo melhor e, por virem todas do mesmo lugar, conheceria melhor a todas as outras ilhas.

A ilha viu que eram ideias grandes demais, confundiam a mente. Aquela autoinvestigação era importante mas requeria muita atenção para não se perder durante o processo. Só assim poderia transitar com êxito entre as duas camadas de realidade, a que ficava à superfície e aquela mais escura e misteriosa que prosseguia rumo a seu próprio interior.

Enquanto tudo isso acontecia, as outras ilhas observavam seu comportamento e não entendiam bem o que ela tentava lhes dizer. A ilha sentiu-se só. Viu-se então pensando do ponto de vista da terra lá do fundo: se elas não se conhecem e elas todas são parte de mim, então eu ainda não me conheço tão bem… Assim sendo, como poderia condená-las? Não, não podia. Deveria entender e aceitar o ritmo natural da vida de cada uma das ilhas. Deveria agir com a mãe sábia e bondosa que incentiva todos os seus filhos mas tem de respeitar o caminho individual de cada um deles…

Foi então que, subitamente, a ilha percebeu, num intenso clarão de compreensão, que toda aquela vasta extensão de terra lá embaixo funcionava como um útero a expulsar pedaços de si mesma, forçando-os à superfície. Uma vez lá, eles se entendiam ilhas e começavam então sua aventura individual em busca de saber quem de fato eram, de onde vieram e por que existiam. Mas por que a terra fazia isso? Talvez para ela própria aprender com a experiência individual de cada ilha. Talvez, ao morrer, uma ilha levava à terra sua própria experiência, e ela serviria para formar as futuras ilhas e, assim, toda ilha continha em si, sem se dar conta, a mesmíssima areia das que a antecederam. Talvez, através da vida de cada uma das ilhas, a terra aprendia cada vez mais sobre si mesma…

Se isso era verdade, então cada ilha possuía uma enorme responsabilidade: conhecer-se a fundo, viver a vida da melhor forma possível e aprender o máximo que pudesse pois tudo o que vivesse formaria o material do qual seriam feitas as ilhas que a sucederiam.

A vida é mesmo uma tremenda aventura! – pensou a ilha enquanto se divertia com os olhares estranhos que as outras lhe lançavam. Uma aventura de cada ilha. Mas também da terra inteira.

(Do livro A arte zen de tanger caranguejos, desse autor)

*Ricardo Kelmer é escritor e roteirista, faz palestra sobre cinema, mitologia e psicologia.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Caminhos para uma vida saudável


Acróstico de Arthur Miranda*


A:
Alimentação saudável (equilíbrio na qualidade, quantidade, combinação, freqüência e horário das refeições. A digestão e a assimilação de nutrientes também são influenciados pela salivação, mastigação, estado psíquico e pelo tipo de atividade que se faz após cada refeição).

Água limpa (hidratação adequada, banhos...)

Ar puro

Ambiente harmonioso (limpo, organizado; interagir e equilibrar-se com a natureza)

Arte (para apreciação e/ou prática; buscar a boa arte – aquela que promove o bem estar, despertando bons pensamentos e sentimentos)

Abandono dos vícios

Amor (desenvolvimento e prática do amor fraternal e altruísta, respeitando a si próprio e aos demais seres, em prol de uma vida harmoniosa e feliz)

M:
Mecânica [cuidar do aspecto bio-mecânico do corpo, através da movimentação (atividade física aeróbica, musculação, massagens, alongamentos, recomendados por profissional habilitado) e da postura (ao deitar, sentar, andar, abaixar-se, pegar peso, etc)]

Moderação (buscar equilíbrio no estudo, trabalho, alimentação, lazer, descanso, etc)

Moral equilibrada (cultivar bons sentimentos; evitar nutrir emoções inferiores)

Mente positiva e vigilante (nutrir bons pensamentos; buscar boas leituras e conversas; vigiar os sentidos; lembrar da mentalização como recurso terapêutico)

Meditação

O:
Otimismo

Organização (das atividades do dia-a-dia, ambiente de dormir, local de estudo, trabalho, etc)

Oração (uso consciente da palavra em prol de ideais elevados. Pode-se, também, fazer uso de afirmações positivas, verbalizando-se, em algum momento do dia, algo construtivo que se almeja alcançar e, ao mesmo tempo, tentando sentir que esse intento já está se realizando. Exemplos de frases: eu sou feliz; eu me amo; e eu sou saudável e minha saúde está melhor a cada dia que passa, em todos os aspectos.)

Objetivos de vida (criar metas ou objetivos positivos que gerem disposição de ânimo ou vontade para que sejam alcançados, renovados ou redimensionados, sempre que necessário)

R:
Respiração (buscar uma boa prática respiratória; estudar seus potenciais terapêuticos)

Recreação (quando necessário e viável, praticar alguma atividade de lazer que proporcione prazer, alegria
e/ou alívio das tensões, sem prejuízo da saúde)

Radiação (uso salutar das cores, banho de sol, etc; evitar exposição prolongada a aparelhos
eletromagnéticos, como celulares ou computadores)

Repouso adequado (garantir o descanso noturno em local confortável, silencioso e escuro, tentando dormir antes das 23 horas, ou até mais cedo da noite, se possível. Disponibilizar pelo menos um dia por semana para um auto-restabelecimento biopsíquico, sem que precise trabalhar neste dia. Evitar, no período noturno, luminosidade excessiva, exposição prolongada a TV ou computador, ingestão de bebidas com cafeína (café, chá preto, chá mate, guaraná, coca-cola, pepsi-cola e chocolate), ingestão copiosa de alimentos e prática intensa de atividade aeróbica)

*Arthur Miranda é clínico geral, especializações em Medicina Social, com enfoque em Saúde da Família, e Acupuntura.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Arteterapia – Um Caminho Criativo para o Equilíbrio


(Imagem: Miriam Medina - aluna do curso Criatividade e Cérebro)

*Celeste Carneiro

Desde o início da civilização que os homens expressam seus desejos, temores e aspirações através da arte.

Estudando as diversas culturas ao longo dos milênios, Jung pôde fazer relações entre o inconsciente individual e o inconsciente coletivo, acrescentando uma contribuição valiosa para o estudo do ser e de suas manifestações artísticas.

A psiquiatra alagoana Nise da Silveira teve um papel relevante na valorização da arte como terapia, na aplicação da psicologia junguiana e no desenvolvimento da função criadora nas pessoas.

Nos Estados Unidos, Joan Kellog, uma psiquiatra colecionadora de mandalas de várias culturas, em 1969 passou a usá-las no Maryland Psychiatric Research Center, em Maryland, obtendo de seus pacientes não apenas a canalização da energia criativa, como também a percepção do melhor tratamento a ser feito. Com essa prática, ela participou de forma decisiva, na década de setenta, das pesquisas do psiquiatra Stanislav Grof, um dos criadores da Psicologia Transpessoal. Kellog aplicava o desenho das mandalas como um teste para selecionar os pacientes que estavam em condições de serem submetidos à terapia psicodélica de pico realizada por S. Grof.

Nessas pesquisas, Grof desafiou o paradigma cartesiano-newtoniano, abrindo espaço para novos questionamentos, iniciando um novo marco no tratamento dos problemas humanos.

A Psicologia Analítica de Jung abriu clareiras para o encontro com essa realidade transpessoal. A Psicologia Transpessoal busca integrar no ser humano as funções pensamento, sentimento, intuição e sensação, trabalhando os diversos estados de consciência: vigília, sono e sonho, dentro das várias vivências na área da Ciência, Religião, Filosofia, Arte e Tradições Espirituais, direcionadas para a totalidade fundamental do Ser, indo além do pessoal, do visível, do aparente.

Buscando a inteireza do ser, o seu lado belo, criativo e sadio, assim como o contato com o sagrado, no atendimento arteterapêutico é possível alcançar um efeito mais rápido e eficiente, sendo um dos caminhos que ajuda a levar à cura, semelhante às várias estradas que levam a uma cidade. Este pode ser um dos atalhos que apressam à chegada com segurança.


A Arteterapia, uma modalidade da Terapia Complementar, vem se mostrando como uma possibilidade de melhora do nível de vida, merecendo um olhar cuidadoso dos seus efeitos em pessoas que buscam se conhecer melhor, encontram-se com dificuldades de aprendizagem, atenção, concentração e, em especial, nos casos de depressão e epilepsia.



*Celeste Carneiro é Arteterapeuta Junguiana e Transpessoal. Autora do livro recém-lançado pela Wak Editora: Arte, Neurociência e Transcendência.